quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Coisas de criança

Comece por tempo, espaço, talvez clima. Mas dessa vez seja diferente, não dividido.
O dia mais quente do ano, pessoas refrescando a mente em co(r)pos de bar. Algo em ausência insiste em prisão. Nostalgia esquecida, reconhecida em surpresa de versos. Bom gosto ..  não o que está em evidência, aquele gosto de quero mais. Quero mais o que ? Tons mais graves que os meus, menos desejos separados por aviões, navios, discos voadores, dinossauros e exageros. "Eu quase posso tocar o silêncio" .. Duetos em almas infantis, brincando de ódio que é coisa de adulto, ironias de criança. Quisera eu explicá-los o ódio, entenderiam que não passa de singularidade ao querer bem tais banalidades e atrevimentos, querer .. Vento na janela, segunda Elis .. Quarta Chico .. Talvez sábado Cazuza. Não para ninar tais canções, poemas e versos pra quem entende, pra gente grande demais. Passado pro que passou, esquecimento dá gostinho de quero mais. Codinomes dados em canções, em gargalhadas .. modo único de conhecer, jeito nosso de reconhecer.

Analu Oliveira 

domingo, 5 de agosto de 2012

Carrossel

Fazia algum tempo que os pensamentos não ficavam perdidos a ponto de procurar papel e tinta para, quem sabe, se orientar. Os compassos que a vida traz lembram um jogo, um carrossel,  que a faz encantada, mas ofuscada também. Hoje muita coisa é diferente desde a ultima busca por orientação. Não mudanças drásticas, mas o tempo costuma dissolver tudo aos poucos , de uma forma tão perfeita e singela que não nos damos conta de que os sabores e gostos da vida mudam junto conosco. Se os sonhos mudaram e a minha vida é outra, peço desculpas por não fazer mais parte dela. Como em tantas outras passagens, eu sabia que seria assim, o carrossel gira, a vida o acompanha, e independente do quanto gostamos sempre seguimos em frente. Em frente pode ser sempre novo, ou não. O mesmo dia-a-dia que nos leva a ser tão ordinários pode criar uma cadeia agradável. Não quero me orientar na ordem dos dias, desejo arriscar, eu quero o novo.
Existe um instante congelado no tempo, onde só eu e ele conseguimos nos mover. Parecia tudo normal no momento em que eu o vi. Ali, parados, lados opostos em uma mesa de bar, concentrados nos olhos um do outro .. Não havia normalidade, não pra mim, nunca teve. A intensidade das coisas nunca foi simétrica ao tempo nesse aspecto. Queria em vinte e quatro horas saber tudo o que ele adora e o que o faz sorrir. Descobrir tudo o que gosta em duas semanas e em um mês saber de cor tudo o que já fez. Não demoraram mais que poucos segundos para que meu corpo sussurrasse nos ouvidos: Eu quero.
Quanto mais passos dou em direção ao futuro e tento me distanciar do passado eu desejo esse presente. Se o presente ainda é tão desconhecido, não vou sair daqui. Se eu não posso tê-lo no futuro, não vou remexer o passado. O destino não é uma escolha. Posso mudar esse texto quantas vezes quiser, mas não posso fazer o mesmo com nossa minha história. Ninguém muda o tempo e as circunstâncias, acontece porque tem que acontecer, o jogo é simples.
Precisei de três regras; olhos nos olhos, olhos e sorrisos, sorrisos e beijos. O beijo dele,  um segredo de história e sabores em sintonia aos desejos que a mente insiste em provocar no corpo, esse beijo não descrevo, é uma sensação egoísta, tão minha ..
Adoro a sensação, o momento e a imagem daquela noite, mesmo que não seja pra sempre fica permanente conosco independente do motivo ou da razão.

Analu Oliveira 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Thousand Years

Eu já sabia desde aquela primeira chuva de dezembro, não seria fácil. O vento batia fortemente pela janela do meu quarto, a natureza chorava por algum motivo, que talvez hoje eu saiba, um desencontro no destino de um coração. Faz algum tempo que não vou vê-lo. Presenciar aquela situação não apetecia a nossa historia, um conto de fadas que se perdeu com o vento de alguns dezembros. Hoje aprendi a conviver com o sentimento. Eu te amei por mil anos, e amaria por mais mil. Ele foi preso em algum lugar de sua mente por minha culpa. Se perdeu em sentimentos inseguros, e a loucura se tornou a maneira mais sensata de viver. Entendo que meu pai estava apenas preocupado comigo, eu era jovem demais, mas é como se minha alma gritasse por aquele amor. Eles não entendiam, ninguém entenderia. Mas eu não estava louca, em cada dia desses cinco anos que se passaram eu não havia me esquecido dele. Lembro-me da tarde em que vimos o pôr do sol do alto da grande pedra, seu cabelo balançava junto ao vento, o sol fazia um contraste alaranjado que junto ao seu olhar o tornava indescritível a cor de sentimentos que criava em mim. Sinto-me mal em te amar, mas ao mesmo tempo honrada por conseguir manter essa chama acesa por tanto tempo. Talvez seja a hora de esquecer, deixar descançar apenas no coração o que não sai mais da mente. Por vezes pensei que seria melhor estar no lugar dele. Após o acidente em que meu pai faleceu e ele ficou em coma profundo prometi a mim mesma jamais deixá-lo. Um ano depois ele acordou, e a ilusão de que esse amor pra sempre iria se tornar real caiu por terra nas primeiras horas. Ele não lembrava de mim, não lembrava de si, muito menos de tudo o que foi vivido. Alguns dias crio coragem e vou vê-lo de longe no meio de tantos loucos, queria muito acreditar que há algo errado com a decisão dos médicos, ele parece tão inofensivo, tão sensível, tão o garoto que me amou pela primeira vez. Ele ainda é o príncipe que roubou meu coração, sei que ele está ali em algum lugar. Há dois anos recebi as cartas que ele escreveu e meus pais não entregaram, minha vida se tornou um enredo de um filme mal projetado. Enquanto ele era amarrado aquela camisa de forças as lagrimas percorreram rapidamente meu rosto, quando a porta daquele carro se fechou e o levaram .. levaram minha alma foi junto. Lembro do dia em que perguntei a ele o que faria se eu morresse - Eu morreria também. Algum dia essa carta chegará em suas mãos, e se não chegar talvez o destino esteja te poupando de alguma lembrança, talvez seja melhor seguir sem lembrar de tudo. " Eu te amo, existe apenas você em minha vida. Você ainda está aqui de alguma forma, vivo como um ultimo suspiro, mas vivo junto com tudo aquilo que me impede de ser outra pessoa alem daquela que você conheceu. Mesmo que não lembre de mim, quero te deixar um ultimo pedido - Quero que você nunca minta, engane, ou traia. Mas se tiver que mentir, minta para passar todas as horas da sua vida comigo, se tiver que enganar, engane as incertezas do destino e as minhas angústias, e se tiver que trair, traia a morte pois não consigo viver nem mais um dia sem você.

Analu Oliveira 

sábado, 28 de maio de 2011

Ti amo

O amor não é nada do que ouvimos, amar não é ser incoerente com o que se sente, nem mesmo ser indiferente com o sentimento do outro. Amar é morrer diariamente, desejando uma morte lenta para que você possa desfrutar de cada segundo, é sentir a saudade sufocar enquanto você deseja gritar o nome dele. Amar é coragem também, coragem em meio aos seus piores medos. Amar é cantar sem nunca ter ouvido a melodia, é ficar horas perdida em pensamentos e se dar conta que só ele vem ao seu encontro no final. Amar é como doces, é como brincar na chuva sem se preocupar em ficar doente. Amar é pra gente grande. Exige paciência, responsabilidade .. É para os fortes. Amar causa dor, é mais que uma simples tentativa de felicidade. O amor é sorrir para qualquer um na rua, se apaixonar todo dia. Amar não tem cura, tem um psicólogo - o tempo - que não o compreende. Amar é ter esperança de que tudo dará certo. Amar é se perder nos olhos dele, é ver que a pessoa mais linda aquece seu coração com o olhar. É ser gentil, não apenas com os outros, mas é acreditar que você é capaz de fazer as coisas darem certo. Amar é aprender a cada dia que você, nem ninguém é perfeito. O amor não exige mudanças, é ser fiel, é sentir com dois corações, é chorar de felicidade, é abrir mão. O amor é mais que vida, maior que a felicidade, o amor é maior que a coragem. Amar é ter medo de perder, é pedir perdão. O amor é um toque que se transforma em arrepio. Amar é ..

Eu te amo.

Analu Oliveira 

sábado, 5 de março de 2011

Outono

Não consigo tirar meus olhos daquela casa velha. Passaram-se mais de três anos desde que ele se foi, os dias estão se passando e o tempo está se esvaindo em minhas mãos, escorregando no meu desespero como areia da praia. A casa velha continua ali. Ainda não entendi porque não quiseram vende-la, talvez seja algum egoísmo de minha parte pensar que deveriam se desfazer dela somente porque não consigo me desfazer dessas lembranças. Tentei, e venho tentando mas algo me leva até ali. Eu poderia encontrar milhões de motivos para condenar o que me leva até aquele lugar. Talvez seja a grande árvore que nos deu abrigo das chuvas de Julho. Ele não era daqui. Vir para a Munique não foi uma decisão muito fácil. Acostumar-se com o clima, o comportamento individual e, porque não, egoísta das pessoas daqui não seria nada confortável. Mas foi em um dia de verão que o vi pela primeira vez. O seu olhar tinha algo em especial. Sabia exatamente onde aquele olhar me levaria e procurei fugir, negar a mim mesma, mas esse era o meu conforto. Parecia muito simples, puro, talvez até inocente. Meu amor, nosso amor .. não fazia mal algum a ninguém. Sempre gostei das flores, do jardim de sua casa, e principalmente da grande árvore. Adorava as primaveras, mas algo me chamava atenção no outono. O outono fica tão perto da perfeição .. é um pouco de despedida. O outono me permitia abraça-lo mais, e ao mesmo tempo me afastar para olhar seus olhos sem sentir o ar congelar meu rosto. Outono era um pouco de tristeza e alegria, conforto e desespero, encontro e despedida .. A visão era bastante agradável, a cor das folhas, do céu, era pouco como seu olhar. Daria tudo para vê-lo novamente. Oh meu Deus, o que estou dizendo !
Quando a primavera chegava ficava feliz, mas o outono me deixava mais proxima a ele, como se fossemos um. O ultimo dia em que o vi era uma tarde de outono. Ventava muito. Eu estava vestindo seu casaco marrom. Às vezes fazia de propósito, saia de casa sem agasalho para que ele me emprestasse o dele. Uma forma de proteção, nada poderia me atingir quando vestia-o. Sinto seu cheiro nele, a proteção se foi .. o cuidado também. Me vejo parada olhando a grande árvore quando passo por aqui. Escuto o silêncio. Sinto o desprender das folhas nos galhos até seu cair no chão. As flores se desfazem como pó ao vento. Não sei exatamente onde ele está e talvez seja por isso que não deixo de vir aqui. A guerra já acabou há alguns meses. Não é justo! Você me prometeu voltar. Sei que manter essa chama acesa em meu peito me traz mais dor. Mas não vou duvidar do que meu coração me diz, ele disse que me amava, ele me ama. Ele me deu asas quando eu era alguém que levava tombos demais, agora eu sei voar. Me ensinou o amor quando eu não podia conviver com ele. Eu ainda acredito.
A ultima folha do outono caiu. Já se foram três outonos, mas vou continuar esperando as estações. Esperar é amar. Eu poderia te amar por mil anos, e desejar te amar mil anos mais.

Analu Oliveira

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A culpa é minha


A culpa é algo que carregamos desde o inicio de nossa existência, sendo merecida, ou não, sendo auto reconhecida, ou não, e sendo justa, ou não. É natural do ser humano procurar um "pecador", um responsável por diversas situações nas quais a vida lhe põe em prova. Já dizia Rousseau que procurar de onde veio o golpe ou a intenção, é comum a todos nós. Isso é bom, imaginem como seria morrer sem saber de onde, por que, e por quem foi dado o tiro .. Nietzsche também descreve o sentimento de culpa, o tormento, o medo do pecar, e foi percebendo pedacinhos do pensar de varias pessoas que li, ou escutei, que reconheci minha ideia e sentimento de culpa. Psicopatas geralmente tem total consciência de sua maldade mas não possuem nenhum tipo de sentimento ligado a culpa, reconhecem sim sua perversidade, mas sentir-se culpado não .. Percebi então que culpa é mais sentimento, do que reconhecimento de atos. Ser culpado é ser responsável por algo que gerou uma consequencia marcante e não está, necessariamente, ligada a fatos considerados negativos. Ninguém coloca em nós a culpa de coisas boas. Não carrego mais a culpa de coisas negativas, por mais que insistam nisso, já me preveni. Só sou culpada agora por coisas agradáveis, palavras doces, amores platónicos, e os sonhos mais doces possíveis afinal, a culpa é minha e eu coloco ela em quem e no que eu bem entender.

Analu Oliveira

sábado, 14 de agosto de 2010

Segredos revelados


Vê-lo é algo que me traz um grande incômodo e satisfação. Incomoda porque essa situação priva meu auto controle, faz perder os sentidos, foge ao padrão que, de tão acostumada a seguir, até mesmo o bater do meu coração, já tão ensaiado e decorado perde o ritmo, o compasso e me faz errar aquele passo importante que deveria ser dado. Apesar de que, não lhe ter sob meu olhar tambem causa as mesmas sensações. Conviver com a liberdade de sentir é um grande desafio, correr atrás .. Na duvida escolhi não fazer nada, não tomar nenhuma atitude. Porém o medo sempre vence quem se questiona demais. Meu orgulho não admite o medo. Tenho estado calada ultimamente, amigos comentam, estranhos dando opinião, na verdade isso tudo é medo da impulsividade que teima em se achar dona de si, de se achar dona de mim. Uma hora será inevitável, espero que até la você ainda esteja aqui. Ninguem compreende o silêncio porque ninguem pode ler meus pensamentos(humm .. isso é bom). Preciso manter meus pés no chão o maximo que puder, cair das nuvens pode gerar cicatrizes. Mas quero parar de pensar nisso ! Ah, como é bom estar com você mesmo que por minutos, mesmo que você não perceba nada do que eu sinto quando estamos juntos. Há coisas que realmente não fazem sentido. Deveriam ficar juntas, mas estão separadas. Opostos, de verdade, se atraem. É divertido, a sensação é infinitamente agradável, é como um bem incondicional. Pena você não notar nada disso, eu lutar contra meu defeito, que neste caso é um grande aliado .. Uma das coisas que mais admiro é a liberdade que alguns seres me passam, borboletas principalmente. Me sinto como uma delas que se esconde, a ausência de visão camufla o vôo que tanto desejo. Nessa primavera quero novas asas, não asas que me dão liberdade e camuflam, mas sim aquelas que me tornam livre, notada, e desejada. Asas que permitam voar, dançar, e sentir. Existem coisas que passam por você e você nem nota - talvez aquela chance sabe? - Observar é tudo.

Analu Oliveira